quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Uma cena normal

Hora do almoço. As pessoas se servem no buffet a quilo. Prato montado e pesado, alguém procura um lugar onde se sentar. Encontra uma mesa onde já há outra pessoa, pede licença e se acomoda.

Nenhuma palavra é trocada enquanto se faz a refeição. Dois universos paralelos, dois caminhos que não se cruzam. Em volta, dezenas de outros mundos, a maioria dos quais sempre incógnitos uns aos outros.

Ninguém se atreve a atravessar o deserto que separa os mundos. Idéias, pensamentos, risos, cada um fica com os seus, nada é partilhado. Cada um segue a sua vida, com seus problemas, tristezas e preocupações.

O almoço certamente seria mais saboroso se fosse acompanhado do tempero da descoberta, do novo, da oportunidade. Mas não, parece que não se está disposto a pagar o preço de abrir mão dos medos, do individualismo cômodo. Parece ser mais fácil preferir "não incomodar e não ser incomodado", como se a presença de alguém fosse um estorvo.

A cena segue, cada um termina sua refeição e toma seu caminho sem se despedir. Não se diz "adeus" porque sequer se disse "olá". Nada chega ao fim, porque nada começou.

E assim de nada em nada a vida vai sendo preenchida. Mas ela continua a nossa frente, como um livro aberto numa página em branco e uma caneta pronta para ser usada. Podemos continuar a virar mais páginas em branco, mas também podemos preenchê-las com o que há em nós.

A escolha é nossa.

2 comentários:

Anônimo disse...

E' verdade....
Os dias que vivemos sao como um exercicio, uma aprendizagem...
Cabe a nos fazer a diferenca....ou nao!
Eu tento fazer...
Bjs

Anônimo disse...

Isto eh cousa de paneleiro...
Your Brother