Os nazistas estão chegando?
Não sou muito dado a discursos políticos ou panfletários, mas há certas situações em que sinto que seria omissão minha permanecer calado. Há momentos em que se deve deixar de lado aquela postura "politicamente correta" de evitar o conflito com quem pense diferente. Pelo menos em determinados assuntos, principalmente quando se trata da vida humana.
Acabo de ler no jornal a notícia em que o governador Sérgio Cabral defende publicamente o aborto como um meio de se combater a violência. Segundo a reportagem, Cabral diz que o índice de natalidade de áreas de classe média alta do Rio são de nível europeu, enquanto as periferias e favelas possuem níveis semelhantes aos da África. Daí a se defender o acesso ao aborto às mulheres que residem nas áreas carentes como um meio para a diminuição da violência.
Sempre acreditei que a função do Estado é de proporcionar o bem estar da população, em todas as classes sociais, ou seja, fornecer meios de saúde, serviços e, principalmente, educação ao indivíduo independentemente do nível sócio-econômico. Nas áreas carentes, esperaria-se do Estado elaborar (e manter) projetos educacionais que tivessem como objetivo o desenvolvimento da população carente, fazendo com que essas pessoas possam se qualificar de maneira satisfatória e, principalmente, adquirir um caráter baseado na moral e na ética. Resumindo, seria função do Estado formar cidadãos onde hoje não há nada senão miséria. Um trabalho a longo prazo, cujos resultados não seriam visíveis ao fim de um mandato.
Em vez disso, o que vemos? Áreas inteiras de nossas cidades sem nenhuma presença da lei, educação e saúde precária, enfim, basta olhar os jornais (ou pegar um ônibus e andar um pouquinho) pra ver. Só lembramos que os pobres existem quando a violência nos incomoda. No fim das contas associamos a violência à pobreza.
Eis então que surge o Sr. Sérgio Cabral propondo o aborto para combater a violência. Depois de anos e anos sem dar assistência a população carente, tratando o pobre da favela como uma sujeira que se varre pra bem longe, vemos a "brilhante solução definitiva": que se matem os bandidos antes deles nascerem. Para que haja menos "miseráveis" e nós, que vivemos nas áreas em que o nível de vida se compara a Suécia ou aos EUA não sejamos mais "incomodados".
Não tenho outra atitude senão repudiar tal postura. Cabral diz ainda na reportagem que "...devemos deixar de hipocrisia". Hipócrita é quem propõe o que ele propôs. Hipocrisia é chamar de assistência facilitar pessoas pobres a cometer um crime como o aborto (ah sim, tem esse detalhe, cada aborto feito é um ser humano assassinado). Hipocrisia é abandonar a população por décadas e agora propor que se eliminem os "elementos indesejados". Para que aqueles mais "dignos" possam viver suas vidas placidamente, sem ter que ver um menininho equilibrando malabares no sinal, ou ouvir aquele "tio, compra uma balinha pra me ajudar?"
Hipocrisia, hipocrisia, hipocrisia.
A ponto de me fazer lembrar a Alemanha do fim dos anos 30 do século passado.
Um comentário:
O debate sobre o aborto deve incidir sobre o direito da mulher de interromper ou não a gravidez, e não como política de segurança pública.
Cabral é um oportunista.
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