Mas ele tinha que falar alguma coisa...

E não é que, logo no dia em que defendo a dissertação de mestrado, nosso amado (???) presidente solta esta...

"... Essas mesmas pessoas que criticam o Bolsa Família não criticam uma bolsa de U$ 2 mil para um doutor se formar no exterior, não é um contra-senso?"

Lula se irrita com manifestantes e ataca elites que criticam os programas sociais

Há muito tempo o Excelentíssimo Senhor já vinha exercitando a minha (e não só) paciência, mas agora foi demais. Sinceramente, me senti ofendido. Por dois anos recebi bolsa de mestrado pela Capes e sei que esses recursos foram um investimento, não apenas na minha formação, mas também no desenvolvimento do país. Esse investimento já teve um retorno ontem, com a defesa da minha dissertação e o conhecimento que foi gerado com esse trabalho, que estará disponível a quem precisar consultá-lo. Sem contar tudo o que será realizado a partir de agora, com base no que foi feito.

Como pode então alguém comparar esse investimento a um programa que se diz solidário, mas que na verdade não passa de uma esmola àqueles que mais precisam de desenvolvimento? É verdade sim que a fome é algo inaceitável, mas o que vem sendo feito nos últimos anos terá efeitos péssimos a longo prazo. Estão criando uma geração que poderá ficar acostumada a não se desenvolver. "Pra que estudar, se o governo me dá dinheiro? Pra que trabalhar por 100 reais, se eu posso receber 200 sem fazer nada, apenas por estar abaixo da linha de pobreza?" Essa esmola só humilha um povo que já sofre demais, e não se dá conta disso. Infelizmente, até gosta dessa situação, pelo que se viu nas últimas eleições.

Parece claro para mim que alguém com um mínimo de formação e preparo jamais teria coragem de proferir palavras tão infelizes. Espero sinceramente que Lula tenha apenas utilizado uma força de expressão, mais uma "frase de efeito", mas... sei lá. O que se pode concluir do que ele disse? O que ele pensa? Que dar uma esmola vai ensinar as pessoas menos favorecidas a buscar uma formação? Ou será que, na lista de prioridades, quem trabalha para o desenvolvimento da nação está no nível de pedinte? Será que o presidente tem noção do que é o trabalho acadêmico, e de sua importância?

Confesso que poucas vezes desejei tanto estar enganado.